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Competências de risco: entenda o que são e quais os benefícios para as crianças

A famosa cicatriz no joelho daquele tombo de bicicleta na infância, está presente na história da maioria dos adultos contemporâneos, mas pode estar perdendo espaço em relação às crianças. Hoje, sabe-se que esse episódio envolve muito mais do que um curativo, já que influencia no desenvolvimento ou não das chamadas competências de risco.


Em outras palavras, traz à tona alguns conceitos importantes que a educação montessoriana defende na infância: liberdade e desenvolvimento amplo, com responsabilidade e autoconsciência. Esses conceitos se materializam por meio de muitas ações: brincar, pular, correr, escalar, subir, descer, escorregar e, sim, cair. Além de terem papel fundamental no desenvolvimento cognitivo e motor das crianças, instigam a sua confiança e autonomia.

Para entender o que são competências de risco e quais são os benefícios de desenvolvê-las durante a infância, siga lendo o conteúdo que preparamos para você!


O que são competências de risco


Competências de risco podem ser entendidas como a capacidade da criança desenvolver consciência sobre quais riscos ela deve ou não deve correr. Essa habilidade não é fundamental apenas durante os anos da infância, mas ao longo de toda a vida.


A experiência de explorar livremente, escolhendo seus próprios desafios, por exemplo, possibilita à criança preparar tanto o seu corpo quanto as suas emoções para encarar a vida como ela é. Ao se deparar com algo que julga já poder enfrentar, ganha confiança para ir além do que já domina, estimulando seu crescimento. Ao contrário, quando percebe que uma atitude pode trazer consequências negativas, como um machucado grave, aprende a respeitar limites, pedir ajuda e preservar a própria vida.


Essa ideia também é defendida no livro "Artigo 31 da Convenção dos Direitos da Criança", que diz: “Não é preciso garantir que seja o mais seguro quanto possível, mas o mais seguro quanto necessário”. Isso significa que as crianças, se a elas for dada a chance de praticar, podem aprender a reconhecer e avaliar desafios de acordo com sua própria habilidade.


Competências de risco na educação montessoriana


A educação montessoriana aborda as competências de risco na sua filosofia a partir do encorajamento da autonomia, da experimentação e da resolução de problemas. Criada na Itália há mais de um século por Maria Montessori, estabelece como princípio o


respeito às necessidades de aprendizado que cada criança possui, reconhecendo cada ser humano como único.


Para Montessori, para que seja possível desenvolver a autonomia da criança, é preciso oferecer os recursos, o ambiente e o suporte necessários. Sendo assim, o conhecimento vai além das aulas de matemática e português, realizando atividades que estimulem a criatividade, a organização e a comunicação.


Dessa forma, é um método que preconiza que a atuação dos adultos perante os pequenos deve ser de guias de aprendizagem, não assumindo o papel de detentores do conhecimento. Essa postura faz com que a criança tenha mais liberdade para aprender sobre as competências de risco, uma vez que o adulto não assume todo o controle ou age com superproteção.


A importância das competências de risco


A importância das competências de risco está relacionada a um desenvolvimento infantil saudável, já que elas promovem qualidades como resiliência, confiança, segurança, superação de problemas, coragem, entre outras.


Nesse ponto, é importante lembrar que viver envolve riscos o tempo todo. É impossível evitá-los, portanto é necessário aprender a lidar com eles da melhor forma possível. Para crianças, momentos que envolvem riscos podem ser encontrados quando se brinca na natureza, como subir em árvores, descer barrancos, pular de pedras, correr na grama, acender uma fogueira, entre outros exemplos.


Essas são brincadeiras que envolvem risco e que por muito tempo fizeram parte da infância. Porém, nas grandes cidades é cada vez menor o contato com essa realidade. Dentro de um apartamento, são claramente menores as chances de se arriscar, ou seja, de aprender o que se pode ou não fazer, fortalecendo a autoconsciência.


É importante lembrar que estamos falando de riscos benéficos, jamais de riscos perigosos, como acesso a produtos químicos, andar de carro fora da cadeirinha ou brincar em ruas movimentadas. Nesses casos, pais e educadores, obviamente, precisam sempre intervir.


Competências de risco e educação tradicional


Não é segredo para ninguém que quando falamos de competências de risco, existe uma grande diferença entre a abordagem na educação tradicional e no método montessoriano. Em uma sala de aula tradicional, preza-se por apresentar os conteúdos de forma expositiva, estimulando a memória e a reprodução de fórmulas prontas.


O estudo, nesse caso, é direcionado para a realização de provas, nas quais se verifica se o estudante aprendeu o que o foi ensinado pelo professor, recebendo uma nota ao final, muitas vezes sendo essa a única ferramenta de avaliação. Mais do que reconhecer a verdadeira e complexa aprendizagem, o método tradicional enaltece a memória e a capacidade de reprodução em primeiro lugar.


Esta é uma das grandes diferenças da educação montessoriana, cujo modelo de ensino motiva a criança a mostrar o que aprendeu a partir de diversas habilidades que fazem parte do vasto universo do aprendizado, uma vez que a proposta de aprendizagem Montessori se dedica a três eixos principais: o cuidado de si, com o outro e com o ambiente.


O educar dá lugar ao relacionar, já que todos que estão na escola trocam a partir de quem são e de quem desejam ser. Dessa forma, as competências de risco estão muito mais presentes quando se compara a um cenário onde prevalece a já fadada “decoreba”.


Competências de risco: superproteção x liberdade


Quando falamos de competências de risco, é preciso olhar para dois vieses: superproteção e liberdade. Nesse sentido, família e educadores possuem uma grande responsabilidade em relação a optar por um lado ou outro.


Montessori acredita que crianças, as quais é permitido viver de forma mais livre, aprendem mais enquanto se aventuram, enquanto a escolha pela superproteção afeta de maneira negativa, já que tende a intensificar os medos que a criança já sente ou mesmo a criá-los.


O reflexo disso, sem dúvida, chega à vida adulta. Hoje, a criança para quem é dada a opção de explorar a natureza e entrar em contato com os desafios intrínsecos a ela, amanhã se sentirá mais consciente de suas possibilidades e limitações e corajosa em relação a si mesma e suas capacidades para estudar, trabalhar, realizar sonhos e se relacionar com os demais.


Permitir que os pequenos sejam livres, com responsabilidades para decidir até onde querem explorar um parque ou brincar com ferramentas de verdade, não possibilita apenas que sejam mais ativas e saudáveis, mas também mais seguras de si. Ao passo que, quando se superprotege a criança, deixa-se de acreditar no seu potencial inato, o que mais tarde pode se refletir como baixa autoestima e falta de autoconsciência.


Benefícios das Competências de Risco


Sabemos que os benefícios a longo prazo das competências de risco são inúmeros e impactam diretamente no futuro das crianças que são ou não expostas a elas. Afinal, sabemos que é na infância que se prepara um indivíduo para os desafios da vida adulta.


Autoconfiança

A confiança da criança em relação a ela mesma e suas capacidades refletirá no modo como vai encarar os “nãos” que a vida inevitavelmente apresentará, impactando diretamente áreas como educação, carreira e relacionamentos.


Autonomia

Uma criança que desenvolve sua autonomia passa a usufruir dessa competência para gerir sua própria vida, fazendo uso de seus próprios meios, vontades e princípios. Mais para frente, será um adulto com clareza sobre o que acredita ser certo ou errado.


Resiliência

Uma criança que desenvolve resiliência durante a infância aprende a seguir em frente e a não desistir no primeiro obstáculo, percebendo que os percalços não são necessariamente ruins, mas sim fonte de inspiração para um constante crescimento.


Este artigo chegou ao fim, mas não precisamos parar por aqui: convidamos você a continuar explorando nosso blog para descobrir mais sobre o método Montessori com conteúdos feitos com muito carinho para pais e educadores!

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